31 julho, 2006

Psicólogo já!

Eu não vou aqui simplesmente conjecturar sobre como as coisas parecem estar ruindo na minha frente, porque eu sempre tenho a idéia central de que se algo, por mínimo que seja, saia oposto ao que eu quero, danou-se! O mar vai pegar fogo, as estrelas vão cair do céu (na minha cabeça, porque eu sei que sou azarado o suficiente pra isso) e eu, definitivamente, não vou ganhar meu pirulito. Criança chorona essa que não consegue se conformar com coisas inevitáveis e realmente acredita nas tempestades que cria dentro do próprio copo de água, antes de tomá-lo.
Não dá pra saber em que ponto está o defeito, se é que existe algum - eu já tentei psicólogo uma vez. Mas me parecia uma coisa tão sacal e ridícula que devo ter me induzido e por isso não tive nenhuma evolução, e aí só me restou simplesmente abandonar. Mas eu juro que vou voltar, não é possível que sirva pra todo mundo, menos pra mim -.
Eu sempre tive uma cabeça complexa demais pra qualquer pessoa entender. Imagina eu, então, como fico perdido comigo mesmo. E o que mais me espanta é a complexidade paradoxal de como os fatos, idéias e conclusões se encadeiam dentro dessa massa cinzenta inútil.
Pra começo de conversa, eu sempre fui muito racional. Mas como é possível uma pessoa tão racional se deixar levar pelos instintos e sensações mais infantis e descontroladas que uma pessoa pode ter? Pois é, ainda estou tentando descobrir como isso é viável. E não simplesmente porque eu quero quando eu quero (exatamente assim, batendo o pé contra o chão e fazendo beicinho. E, se possível, chutando alguma canela disponível pela frente), mas porque muitas vezes eu sei que não faz sentido nenhum sequer se importar.
Bom, em seguida eu tenho crises histéricas porque... Por que? Não sei! Tenho crises por tudo e por nada. É tão... Deprimente. Juro que se eu fosse outra pessoa, eu batia em mim. E batia forte o suficiente pra me fazer ter uma amnésia pra tentar ter uma consciência menos traumatizada com TUDO.
Imagine o seguinte. Faz dez anos você espera... Hum... Digamos, ser promovido na sua empresa. Até aí, está tudo muito bonito. Você chega cedo no trabalho todo dia. Você sai tarde, e ainda leva trabalho pra completar em casa. Você faz o seu serviço, o serviço do seu patrão e ainda o de algum colega, pro caso de precisar que alguém fale bem de ti. Não puxa saco, você não precisa disso. Mas trabalha feito um burro de carga pra ser notado pelo seu esforço. E durante dez anos você figurou no quadro de melhor funcionário do mês, pendurado em uma moldura dourada na porta de entrada da firma. Um belo dia, trajando sua melhor roupa, você é chamado pelo superior na sala dele. Você anda pelos corredores exibindo um sorriso daquele que faria qualquer pessoa achar você o ser humano mais feliz do mundo, daqueles que casou com a mulher mais linda da faculdade e tem um filho prodígio, que se graduou aos 19 e é ganhador de medalhas olímpicas.
De um segundo para o outro, algo parece estranho. As pessoas parecem que olham torto pra você. “Ai, meu Deus, o que será que vai acontecer?”. O medo paralisa suas pernas. Pior, fazem com que elas comecem a querer seguir outra direção. De um instante para o outro, é como se o urubu negro e de três metros do azar tivesse pousado na sua cabeça, feito as necessidades e saído voando e rindo da sua cara. Você sabia, sempre soube. Seu chefe vai demitir você, tão sumariamente descartá-lo como se faria com um saco de lixo. Mundo injusto esse! Você deu tanto duro, trabalhou tanto tempo e perdeu tão longas noites de sono... Para que? Terminar assim, despedido por um motivo que você nem sabe qual é! E já não importa, também! Você entra pela porta da diretoria, esbravejando e vomitando palavras ríspidas. Arranca as roupas, mostra a bunda pro chefe e cai na gargalhada. “Não queria me demitir? Agora tem um motivo!”. E, sem parar para respirar, sai tão inexplicavelmente furioso e desesperado quanto entrou.

Triste, né? Pois é, eu também acho.
Juro que preciso voltar pro psicólogo o mais rápido possível.