30 janeiro, 2006

I was above a raging sea

Daylight whipped me into shape
I must have been asleep for days
And moving lips to breathe her name
I open up my eyes
I find myself alone, alone, alone
Above a raging sea...

É, estive passando por momentos não muito legais. Eu e minha velha mania de ficar remoendo. Mas tudo bem, já passou...
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Domingo foi um dia daqueles. Estou seriamente pensando em escrever um livro, porque não é possível. Tem certas coisas que realmente só acontecem comigo. É difícil negar essa realidade quando se passa por dias assim.
Bom, combinei com Paulinha de ir a um culto da Sara Nossa Terra, lá em Sulacap. A princípio, a grande dificuldade era acreditar que eu finalmente iria conhecer essa lenda de lugar, que, na minha cabeça, devia ser bairro vizinho a Avalon. Simplesmente por eu já ter ouvido dizer quer era próximo daqui, mas do alto dos meus 22 anos nunca tinha estado.
Tudo bem, lá vamos. Como era um lugar desconhecido, e eu já sabendo da minha sorte aguda, resolvi sair de casa com DUAS HORAS de antecedência. Vocês vão ver que esse largo tempo não foi exagero, no fim das contas. Segundo ela, eu deveria pegar o 383. Certo, o ônibus passa lá no CEI, então eu teria que andar alguns muitos minutos, o que nem é tão incômodo assim. Chegando lá, feliz e contente, parei no ponto. Dia claro, passarinhos azuis e amarelos cantavam nas copas das árvores, esquilos comiam alegremente suas nozes seguras em suas frágeis mãos, e até mesmo um arco-íris dava o ar da sua graça no horizonte límpido. Somado a isso, em menos de 5 minutos o ônibus apareceu na rua. Que felicidade! Como eu sou a pessoa mais sortuda do mundo! *estico o braço* Vou pegar esse ônibus e assim chego lá com tempo de sobr...
O ônibus não parou. Por que? Não sei. Pela cara de satisfação do infeliz, a esposa devia estar em greve de sexo há, no mínimo, um mês, e ele precisava mesmo sacanear alguém. Claro, cantar vitória antes do tempo dá nisso. Acho que é bom eu nem dizer que "desgraças não vem desacompanhadas" porque eu sei exatamente o que pode aconte... *CABRUUUUM!* ... cer.
Ao olhar pro céu, em busca de tão impertinente relâmpago, percebi algumas nuvens negras aparecendo, me deixando um pouco preocupado... Bom, mas elas estavam longe, o que poderia acontecer?
Ah, sim, claro. Esqueci que sempre existe a possibilidade de ventos de DUZENTOS QUILÔMETROS POR HORA trazerem aquelas nuvens que estavam sobre São Paulo para o Rio em menos de 5 minutos. E em menos de 5 minutos, aproximadamente, o dia virou noite. E não é exagero meu. Parecia que o sol já havia se posto, de tão escuro que ficou.
E a chuva veio. E o tempo passou e todo mundo no ponto conseguiu pegar seu respctivo ônibus, menos eu e um velho bêbado, que começou a falar comigo como se alguém realmente fosse capaz de compreender alguma palavra que ele pudesse dizer. E a rua começou a encher. E a calçada também. E onde eu estava encheu de um lado e de outro, me ilhando de forma tal que agora era impossível me esconder da chuva, ou pegar o 383. Daí pra frente, eu senti como se tivessem inventado uma nova forma de tortura militar, cujo objetivo final seria molhar uma única pessoa com a maior quantidade de água possível, vinda das mais variadas origens. Enquanto eu era ensopado pela água que vinha de cima, tinha que me livrar ao mesmo tempo das Tsunamis de água suja, que se formavam quando algum tipo de meio de transporte passava rente à calçada, e das ainda mais repugnantes gotas de saliva que o velho bêbado cuspia em mim, inúmeras vezes.
Depois que um bom tempo se passou (coloque aí mais de uma hora), o maldito ônibus passou. Bom, como parte do plano de tortura, o cidadão que o dirigia resolveu parar depois da enchente formada no meio-fio. Digamos que esse "riacho" tinha uns 2,30 ou 3 metros de largura. E, como não sou nenhum atleta especialista em salto em distância, acabei tendo que enfiar o pé direito naquela imundíce.
Respirando fundo. Contando até dez. O nojo não passava.
O tio motorista de uma figa pediu que eu esperasse pelos dez centavos de troco, pois ele ainda não tinha. Claro, por que não? Tenho certeza que não vou esquecer de pedir, antes de descer.
Depois de um tempo, pedi pro tio me deixar na "subida do Catonho", como minha amiga tinha avisado. Ele balançou a cabeça afirmativamente e me desferiu um sorrriso cordial. "Poxa", pensei, "que boa pessoa ele é!". Depois de um tempo, ele me alerta: pode descer, olha a subida aí! Ainda fez o favor de parar antes do ponto, que (descobri depois) fica exatamente entre a subida e a descida do Catonho. "Mas como é bonzinho esse cidadão!", pensei, enquanto descia da lotação.
Certo, uma subida. Então (brilhante raciocínio) vou subir! Chegando no topo, não vi nenhum dos pontos de referência que Paulinha tinha indicado. Resolvi ligar para ela...
- Olha, não tem nada amarelo, nada de pista de skate, nada! Nada!
- Você está onde?
- Na subida do Catonho, ué! Uma subida... Tô aqui no alto.
- Pra que você subiu?
- Sei lá, era subida. Achei que tinha que subir.
- Você não viu se tinha um não-sei-o-que na esquina?
- Não tem... Tem um posto.
- Ele deixou você na descida do Catonho ¬¬
- E o que eu faço?
- Vem na direção do ônibus, lá embaixo.
Certo, então quer dizer que além de ter me feito pisar na água, e ter me roubado dez centavos, o arrombado ainda me deixou longe DE PROPÓSITO. Nesse momento, eu percebi que a greve de sexo da esposa desse devia estar durando já um ano. E desejei sinceramente que ele morresse seco.
Enfim, lá fui eu. Intrépido, valente, destemido! No meio do caminho, Paulinha liga: "Já chegou?". E, enquanto atendia, me distraí e mais uma Tsunami nojenta me atingiu em cheio. "Não sei se cheguei!".
- Você está de blusa azul?
- Sim.
- Estou vendo você! Continua andando...
E me disse isso como se eu tivesse alguma alternativa. Finalmente cheguei. Assistimos ao culto, e voltamos pra casa dela, porque já tinha mais de 24 horas que eu não passava por lá. Obviamente, terminando a noite com mais uma expulsão, pude voltar pra casa e dormir contente.

26 janeiro, 2006

Das brigas que ganhei, nem um troféu

Postando só por postar, porque a internet está deveras chata hoje. Sim, existem mil pessoas online, mas isso não faz diferença.
Gosto desse pedaço da música: Das brigas que ganhei, nem um torféu, como lembrança, pra casa eu levei / Das brigas que perdi, essas sim, eu nunca esqueci.
Porque eu nunca esqueci mesmo. Mas tudo bem, não tem problema não.

Como eu odeio ser ignorado. O ódio me satura de forma inimaginável. Tenho vontade de dar uns berros com quem me ignora. Também me corrói o fato de alguém aparecer dizendo: tá sumido!, quando os dois sabem muito bem que a outra pessoa é que não te procura nunca! Meu Deus do céu! Por que as pessoas tem tanta falta de noção assim?
É tão mais fácil culpar os outros... É tão mais fácil ficar calado e depois reclamar. É como já diria o filósofo: se, em meio a um problema, você sorri é porque já descobriu em quem colocar a culpa.

Ô, saco.

25 janeiro, 2006

Parada Obrigatória

Eu sei que estou devendo pelo menos três posts, mas as coisas acontecem mais rápido do que consigo fantasiar e escrever sobre elas.

"Pare de reclamar da vida
Não adianta, se você fez o que fez
Não adianta achar a chave pra partida
Se você não está disposta a correr

Em minha poesia já não há
Já não há seu nome
Acabou. Já foi."

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Acho que está acontecendo algo que eu não quero. Mas dessa vez, talvez exista uma possibilidade de tudo ser diferente. Porque ela é meiga. Porque ela é fofa. Porque o beijo dela é ótimo. E porque eu sou um iludido :)

Depois, depois. Agora não.

17 janeiro, 2006

Belém Brother Brasil - Parte I

Uma casa. Quatro familiares. E um agregado.
Vem aí, a série que está mudando a rotina de uma família brasileira. Não perca Belém Brother Brasil. Você não vai querer sair da casa (dos outros).

Bom, eu podia ter começado o post também com: "O dia em que o Brunno mudou de família", mas enfim.

Noção? Quem precisa de noção, quando tudo o que se pode querer é um dia longe de tudo que te faz lembrar você mesmo? Um dia longe da sua rotina, do seu dia-a-dia, quase como viajar para um lugar muito distante onde você possa rir o dia todo despreocupadamente? Certo, você pode achar que é viagem minha. Tanto faz. O que importa é que minha segunda-feira (CARACA! Segunda-feira, moleque, você perdeu TODA a noção, foi?) foi deveras divertida.
Falta de noção, aliás, a começar pela hora em que iniciei o dia. Ontem, Paulinha decidiu me convidar para vê-la andando de skate (fato esse que só presenciei em alguns míseros minutos). Pior que isso, eu resolvi aceitar. Eu deveria, tendo ido dormir depois das 3 da manhã, acordar às 8, para poder estar na casa dela quando soassem as 9 badaladas. Claro que isso não foi possível e eu, quando telefonei para avisar que estava indo, notei que já passava do horário marcado. Certamente, não foi a única coisa que notei.
- Paulinha?
- Alô.
- Só pra avisar que eu estou saindo de casa agora.
- Brunno?
- Isso.
- Que horas são?
- Nove horas. - Meu Deus, ela estava dormindo?
- Ah.
- Você estava dormindo?
- É. Mas pode vir...
A voz de sono chegou a partir meu emotivo e solidário coração, mas algo deve ser dito... Vejam vocês as peças que a vida nos prega! Tive a honra e o prazer inenarrável de trazer do mundo de Morpheus esta singela criatura e ouvir sua embreagada voz de sono, criatura esta que há pouco mais de um mês eu tinha um contato quase nulo! *Olhos marejados* Enquanto que com minha amiga há anos isso não ocorreu até hoje!
Voltando às vacas frias... Meio quase que desistindo, fui de encontro ao meu destino, que era o 638, munido de um CD virgem de qualidade duvidosa e um pacote de biscoitos de origem mais duvidosa ainda. Chegando lá, titubeei antes de tocar a campainha e ainda dei um tempo esperando na porta. Em seguida, resolvi chamar. E não é que a noiva ainda estava tomando banho? Aguardei mais uns instantes, e enquanto isso observava uma distinta senhora que varria as flores vermelhas e folhas secas caídas das árvores da rua.
Dentro em pouco, o pequeno bebê abre a porta, com a maior cara de sono que eu já vi e me convida a entrar, tendo ainda a pachorra de me chamar de desocupado por ter aceitado o convite. Ficamos ainda um pouco na frente do pc (claro, seria diferente?) gravando o tal CD que levei com músicas do Armandinho e outras, enquanto tomávamos um café da manhã muito improvisado, com o biscoito duvidoso (constatado naquele momento que estava mais maleável do que deveria ser) e um copo de algum achocolatado.
Bom, gravado o cd, dona Melzinha grita alguns pedidos de dentro de seu cômodo de dormir para Paula e uma leve expulsão ocorre. A primeira de uma série, por sinal.

15 janeiro, 2006

Coisas Novas

Ah, mas como coisas novas podem ser estimulantes. Claro, como bom ariano que sou, tudo que é novo me fascina, me prende dos pés à cabeça. Posso dizer que esses dias tenho feito coisas novas e interessantes.
A começar pela busca de um estágio. Segunda-feira (na verdade não lembro se foi segunda mesmo, mas estou com preguiça de revirar históricos só pra isso), uma certa cidadã chamada Paula me convidou sutilmente a servir de guia turístico dela pelas ruas inóspitas do centro da cidade. Como estava muito querendo procurar estágio ou emprego também, aproveitei o ensejo e aceitei. De certa forma foi totalmente contra-producente, a não ser pelo fato de eu ter passado na faculdade para pedir minha declaração de que estava matriculado, coisa que já deveria ter feito e que era indispensável para o cadastramento no (propaganda gratuita) CIEE. Mas por outro lado, foi um dia divertidíssimo!
Ela queria sair de lá do fim do mundo (leia-se Bento Ribeiro) cedão, por isso tive que acordar de madrugada (o que me rendeu sono atrasado até ontem) na terça. Cheguei a tempo, só pra mudar um pouquinho de vez em quando. Banco, ônibus, discman, Campo de Santana, xerox, praça da Cruz Vermelha, comprar pasta pra pôr currículo, entrevista da Paula... Blablabla (sim, isso tudo é preguiça de escrever todas as coisas). Depois que a Paula subiu pra entrevista, ficamos Cíntia e eu conversando até ela sair. Quando isso aconteceu, ela nos informou que teria que voltar a BR pra trocar de roupa, pois teria uma outra entrevista de tarde. Fomos andando até ali perto da central, onde ela pegou o ônibus de volta. Em seguida, fui deixar Cíntia em frente ao Municipal para que ela encontrasse a Luisa.
Depois, voltar pra onde eu estava antes e esperar a tonta da Cissa, que só resolveu chegar lá quase no dia seguinte. Enfim. Então, fomos percorrendo algumas ruas para deixar os currículos dela (Cissa). Eu tinha desenhado um mapinha tão legal para me guiar pelo Centro, porque eu sei a localização geográfica das coisas, só que nunca lembro os nomes das ruas, mas isso acabou sendo inútil. Quando a Paulinha voltou pra casa, ela levou o mapa junto.
É, nossa via-crucis pelas ruas do centro rendeu muitas dores, várias brotoejas nas costas no dia seguinte e... enquanto íamos de prédio em prédio, procurando endereços inexistentes, empresas que deixaram de existir há dez anos e outros locais afins, conseguimos dar tantas risadas quantas foram possíveis. Papel riscado constantemente, faixa de pedestres, tio animado na portaria, camponesa chorando, jóias, muitas lojas de jóias, passar embaixo das construções, elevadores de todos os tamanhos e cores, prédio futurista, piranhas, guaravita e água de coco... E pés doloridos!
Na seqüência, fomos andando pela Rio Branco até chegarmos à Candelária. Cissa teve a magnífica idéia de irmos ao CCBB, para vermos a exposição Por Ti América (nossa, como estou fazendo propagandas hoje...). Depois de momentos de besteiras sem fim no meio da rua, conseguir ver essa exposição interessantíssima criticamente não teve preço. Não sei se ainda está lá mas, caso esteja e você não tenha visto, eu recomendo. Depois a Paula acabou a entrevista e foi nos encontrar. Descemos, nos encontramos lá embaixo e fomos comer em um pé-sujo das redondezas. Ainda voltamos ao CCBB, mas dali fomos direto para casa... delas. u.u"
Dentro do ônibus foi difícil chergarmos a uma conclusão sobre quem estava mais acabado. A Paula chegou a cochilar em pé, o que é deveras triste, e depois ficou com cara de zumbi quando conseguiu finalmente sentar.
Chegamos em BR, andamos um pouco até a casa e de lá só saí depois das 11 da noite. Fiquei estirado no sofá (porque, claro, eu já sou quase adotado) com a Cíntia me fazendo massagens nos pés e conversando coisas afins. Ainda dei parabéns à Paula antes dela ir deitar pelo aniversário dela, que era no dia seguinte.

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Tá esperando o que? esse texto não vai ter "conclusão bonitinha", é só isso mesmo. u.uº

14 janeiro, 2006

O Rio dos Sonhos

Lê a letra, Paula. Acho que você vai gostar.

O rio dos sonhos - Billy Joel

No meio da noite, eu caminho no meu sono
Das montanhas de fé até um rio muito profundo
Eu preciso procurar por algo, algo sagrado que eu perdi
Mas o rio é amplo e muito difícil de cruzar

E mesmo sabendo que o rio é grande
Eu caminho toda tarde e fico na margem
E tento atravessar para o outro lado
Assim poderei finalmente achar o que estive procurando

No meio da noite, eu caminho no meu sono
Atraves do vale do medo até um rio muito profundo
Eu estive procurando por algo, algo tirado da minha alma
Algo que eu nunca poderia ter perdido, algo que alguém roubou

Eu não sei porque eu caminho à noite
Mas agora estou cansado e não quero caminhar mais
Espero que não leve o resto da vida
Pra descobrir o que estive procurando

No meio da noite, eu caminho no meu sono
Atraves de uma floresta de dúvidas, até um rio muito profundo
Eu sei que estou procurando por algo, algo tão indefinido
Que só pode ser visto pelos olhos de um cego

No meio da noite

Não tenho certeza sobre uma vida após esta
Deus sabe que nunca fui um homem espiritual
Batizado pelo fogo, eu entrei no rio
Que leva até a terra prometida

No meio da noite, eu caminho no meu sono
Através do deserto da verdade até um rio muito profundo
Nós todos somos levados ao oceano, todos começamos no vapor
Todos somos carregados pelo rio dos sonhos...

07 janeiro, 2006

Aliás...

é engraçado como eu consigo fazer meus problemas não terem a importância que realmente têm para mim. Eles acabam ficando ridículos, de alguma forma, quando eu externo.
Acho que faz parte da auto-sabotagem.

Down em mim

Aí eu acho que acordei meio deprimido hoje. Não sei direito. Sabe quando você simplesmente não sabe? Pois é, assim que eu me sinto. Se me perguntarem: como você está?, estarei sendo sincero ao dizer "não sei". Ah, é que eu sou bem complicado assim mesmo. Pode ser que hoje eu esteja mega animado sem motivo nenhum (como realmente estive esses dias, muito animado) e da mesma forma despencar no dia seguinte. Isso deve ter algum motivo escuso, desses que a gente só descobre depois de 6 anos e 8 meses de terapia com especialistas... Mas quem realmente sabe?
Não sei, sinceramente não sei. Acho que ter ficado pensando na vida de ontem pra hoje, vendo o amanhecer do dia, realmente não tenha me feito bem. Mas o que posso fazer? Eu sempre fui de pensar muito na vida, mas em algum momento eu simplesmente desisti. E quer saber? Pensar na vida só serve pra tornar a gente pessoas mais desagradáveis.
Você acaba chegando à conclusão de que no final nada faz a menor diferença, acaba questionando sua própria existência e daí pra auto-sabotagem é um pulo, principalmente para alguém com sérias tendências masoquistas.
Agora, junte isso à uma certa crise de carência e você tem o panorama ideal para uma bomba-relógio depressiva explodir. Sim, eu sou carente o tempo quase todo, mas isso me faz uma pessoa melhor. Eu procuro desviar minha vontade de ser acolhido tentando ajudar os outros, ouvindo, sendo importante, fazendo diferença de alguma forma. Só preciso sempre me esforçar para não misturar a carência com esse masoquismo, que a coisa fica preta.
Afinal, que diferença faz? Que diferença eu faço?
Eu preciso de um rumo pra minha vida. Mas isso não tem urgência, anyway. É só mais uma crise idiota de quem não tem mais o que fazer.


Down em Mim - Cazuza

Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down
Eu ando tão down

Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar
E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
Com certeza você já foi embora
Eu ando tão down
Eu ando tão down

Outra vez vou me esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer
Da privada eu vou dar com a minha cara
De babaca pintada no espelho
E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Down... down.

03 janeiro, 2006

Dormir às 5 da manhã todos os dias não deve fazer bem pra ninguém.

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E dois dias se passaram. Terça-feira, férias. Olho no relógio. São três da tarde. Coloco meu casaco, pego chaves e carteira e saio. Atravesso a rua com a calma de quem passeia num parque em um domingo. Distraído, um Passat vermelho, desses que já não tem nem mais condições de rodar, quase me atropela. Malditos, sempre com pressa. O parachoque faz um ferimento na minha perna. Não seria tão grave se aquilo não fosse uma banheira ambulante. Não morro atropelado, mas morro de tétano.
Mais alguns passos e estarei lá. Cantarolo uma música do Brian Adams enquanto tento manter as mãos aquecidas dentro do bolso do casaco. Reparo que o frio está ficando cada vez mais cortante. Odeio frio. Na verdade eu adoro o frio, mas odeio quando meus dedos congelam. Odeio quando meu nariz congela. Mas é sempre legal ver seu hálito quente entrando em choque com o meio externo e congelando, formando aquela famosa fumacinha.
Tropeço. Por uns intantes esqueço o que estava fazendo ali. Preciso pensar em algo. Nunca sei o que dizer. Mas você tem o endereço dela! Quando você arruma o telefone celular é uma coisa. Você sabe que a pessoa tem grandes possibilidades de não lhe atender quando seu nome piscar no visor. Aí ela lhe dá o telefone da casa e fica sempre aquela dúvida de que tipos de avanço você está obtendo. Mas quando ela lhe dá o endereço, sem nem você pedir... Bom, tecnicamente ela não lhe deu o endereço. Mas isso não importa agora. Ah!, o endereço. Isso é um caminho sem retorno e você sabe disso. Não lhe resta nada a não ser aparecer na casa dela.
Droga, cheguei... Deslizo o indicador no botão. Preciso pensar em algo e apertar, rápido. O porteiro está me olhando torto. Posso... Que tal uma pergunta? Isso... Posso perguntar sobre... Não, melhor ser direto. Chamo ela pra sair? Mas como? "Oi, sou eu. Eu sei, você deve estar me achando um maníaco, o que eu talvez seja, por falar nisso, mas agora só quero lhe convidar para sair. Pode ser na sexta?".
E se ela não estiver em casa? E se ela não quiser sair comigo? Levar um fora por interfone seria bem pior do que pelo telefone... Droga, o porteiro está vindo. Devo correr? Ah, isso, ótimo, corra para ele pensar que você é um bandido...

- Deseja algo, meu filho?
- Aqui não é o condomínio... é... das flores... não, né?
- Não, nem nunca ouvi falar. Qual rua?
- Bom, sabe o que é? Deixa. Acho que me enganei.
- Mas me diga a rua, pode ser que eu...
- Tchau, hein! Obrigado!
Isso, perfeito. Já pensou na possibilidade de ela algum dia lhe convidar pra entrar? Vai ser perfeito ela saber através do porteiro que você andou rondando a casa dela. Parabéns, seu idiota.

02 janeiro, 2006

Tenho tantas vontades estranhas e não faço idéia do porque. A gente gosta de divagar, tem pensamentos bobos. Vai ver que é isso. Basta um momento de distração e lá estamos nós com algum pensamento idiota.
Vi você passando e não tive como me segurar. Não pude evitar de ter mais esse pensamento estranho. Preciso impressioná-la! Impressioná-la! Acelerei o passo, fiz que ia correr, desisti, atrasei o passo (mas não o coração). Espreitei. Fui para um lado, para o outro. Ai Senhor, o que eu falo? Eu nunca sei o que falar. E as mãos suam. Você não faz idéia.
Pé ante pé, mãos no corrimão (ah, essas delicadas mãos), cabeça pro alto. Ela vai me ver, ela vai me ver! Faço cara de sério, puxo o óculos pra baixo e olho daquela maneira toda esnobe que só os nobres ingleses têm. O que eu falo? Encosto na parede, livro aberto na mão, olhar perdido pro teto, respiração presa.
Você passou. Não olhou pra mim. Claro, eu era só um idiota com um livro aberto, em pé e olhando pro alto!
Penso que seria legal puxar assunto da próxima vez. Pode ser que funcione. Mas eu nunca sei o que falar. E você não faz idéia.